CRÍTICA: Os Vingadores – The Avengers
Há quem goste dos filmes isolados dos heróis dos Vingadores, mas há também quem os ache bastante superficiais. O fato é que exceto Homem de Ferro (preferido pela maioria) e O Incrível Hulk, nenhum dos outros longas teria sido realizado caso não houvesse um desejo da Marvel de levar para os cinemas uma trama envolvendo o grupo da S.H.I.E.L.D. E desde então o receio era comum: será que Os Vingadores seria um filme tão mediano quanto Thor e Capitão América são para boa parcela do público ou será que teria o que faltava nas produções isoladas faria todo mundo sair da sala de projeção satisfeito?
A julgar pela nota acima (que, devemos deixar claro, por pouco não chegou a 9), a segunda probabilidade se confirmou. Os Vingadores vale – mesmo – o ingresso e mostra ser um ótimo blockbuster, bem diferente do divertimento acéfalo regado por cenas de ação que só existem por existir. E é bom ressaltar que este texto não foi feito por um fã dos quadrinhos, então você pode ficar tranquilo quanto à questão da imparcialidade.
Os Vingadores
Por Breno Ribeiro
Gostaria de começar este texto deixando bem claro que não sou fã das HQs de nenhum dos heróis presentes em Os Vingadores, muito menos gosto de qualquer um dos longas individuais dos mesmos. Com exceção de Homem de Ferro e O Incrível Hulk (com Edward Norton), encaro todos os outros como um festival de bobagens. Assim sendo, Os Vingadores surge como uma agradável surpresa, ao entender a importância de cada um dos heróis individualmente e se saindo bem ao dosar a história do projeto com momentos cômicos e cenas de ação bem conduzidas.
O filme começa no momento em que o irmão de Thor chega à Terra prometendo escravizar o planeta como vingança ao irmão. A partir de então, o comandante da S.H.I.E.L.D., Nick Fury (Samuel L. Jackson), convoca os heróis para a batalha que definirá o destino do mundo. Contudo, o comandante também precisa fazer com que Viúva Negra (Scarlet Johansson), Hulk (Mark Ruffalo), Capitão América (Chris Evans), Homem de Ferro (Robert. Downey Jr.), Thor (Chris Hemsworth) e Gavião Arqueiro (Jeremy Renner) aprendam a trabalhar em prol do bem comum.
O roteiro do longa está longe de poder ser considerado genial, mas é suficientemente eficiente no que se propõe. Todos os personagens principais têm seu momento de importância ao longo da projeção. O grande vilão do filme, Loki, está muito mais convincente agora do que em seu filme original em seus motivos e intenções. Aliás, justamente por já conhecermos todos os personagens ali presentes de algum outro filme dessa grande franquia que se cria, a interação entre os egos e as personalidades dos mesmos é muito mais crível. A comicidade, muito bem encaixada também em algumas cenas de ação, vem principalmente – como já podia se esperar – de Tony Stark. O roteiro é muito bem inspirado principalmente na relação entre este e o Capitão América, a quem o bilionário não cansa de fazer piadas por sua idade, embora a melhor tirada surja quando o Homem de Ferro resolve “dar uma carona” para o Gavião Arqueiro até o topo de um prédio. Assim, é triste ver o roteirista (e diretor) Joss Whedon se mostrar preguiçoso ao lidar com o Hulk. Temido pelos próprios companheiros como uma possível ameaça dada sua natureza instável e bestial, a criatura parece no terceiro ato da trama se esquecer de que devia sair pela cidade matando e atingindo qualquer um, não só o exército de vilões.
Ainda assimo, Whedon faz um trabalho mais do que satisfatório como diretor. As cenas de ação são bem dirigidas e não empregam a insuportável técnica da câmera tremida para esconder falhas da coreografia de luta ou dos efeitos visuais, e ainda estabelecem planos incomuns (como o da câmera posicionada dentro de um carro quando este gira após ser atingido por uma bomba). A grande batalha final, deve-se apontar, é um show a parte. Podendo usar todos os truques e capacidades dos heróis à exaustão, Whedon é capaz, em certo momento, de criar uma sequência completa que, sem cortes aparentes, começa com o ataque da Viúva Negra a uma nave inimiga e passeia por todo o campo de batalha focando por poucos segundos em cada um dos seis heróis.
Do ponto de vista técnico, o longa é quase impecável. Concebendo um Hulk que convence na maioria das cenas em que aparece (há uma cena que, embora engraçadinha por demonstrar a rivalidade entre a besta e o único que pode lutar de igual para igual com ele, Thor, apresenta um Hulk que parece borrachudo e aquém da qualidade que o filme demonstrara até então), os efeitos visuais ainda surgem com esquemas não computadorizados e, portanto, mais convincentes. Também eficiente é a trilha de Alan Silvestri (que também compôs para o pavoroso Capitão América), que cria um tema eficiente para o que provavelmente será uma série de tantos filmes.
Competente em dosar a aparição e importância de um número enxuto de protagonistas, Os Vingadores se sai muito bem na missão de continuar as (fracas, na maioria) histórias dos filmes individuais de seus heróis, mostrando que eles funcionam melhor juntos do que separados. Com um encerramento que flerta de certa forma com o final proposto em O Cavaleiro das Trevas (de Christopher Nolan), o longa promete em seus minutos finais outros filmes em conjunto para os super-heróis. Só resta que a bilheteria seja grande o suficiente para que isso possível (só se todos estiverem juntos novamente) – o que é bastante provável.
PS: há uma cena pós-créditos (muito bons, por sinal) que fez os fãs vibrarem.
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The Avengers (EUA, 2012). Ação. Marvel Studios.
Direção: Joss Whedon
Elenco: Robert Downey Jr., Chris Evans, Chris Hemsworth, Jeremy Renner, Mark Ruffalo, Samuel L. Jackson
Fonte
"Assim, é triste ver o roteirista (e diretor) Joss Whedon se mostrar preguiçoso ao lidar com o Hulk. Temido pelos próprios companheiros como uma possível ameaça dada sua natureza instável e bestial, a criatura parece no terceiro ato da trama se esquecer de que devia sair pela cidade matando e atingindo qualquer um, não só o exército de vilões."
O cara queria que o Hulk se comportasse como um monstro descerebrado?
Não entendi, pois parece que ele sequer compreendeu que desde o início a intenção do diretor foi acrescentar mais "humanidade" ao personagem, para que ele não se comportasse como monstro a maior parte do tempo, o que por obvio o tornaria novamente genérico nas telonas.
Deixar o Hulk mais humano foi algo que fez com que o Ruffalo fizesse algo completamente inusitado.
Quanto ao efeito "borrachudo" concordo em partes, essa sempre foi a minha birra com o Hulk, mas aqui deu pra notar que, embora ele seja apenas uma computação gráfica, ela foi bem mais aperfeiçoada que nos dois últimos filmes, e isso só a ILM (Industrial Light & Magic) conseguiu pois, se esperasse algo dos efeitos visuais do último filme de 2008 pelo Kurt Williams, o Hulk se tornaria novamente genérico.
Joss Whedon não é nenhum James Cameron, mas ele pelo jeito (conforme as críticas que ovacionaram o Hulk/Ruffalo) teve muito mais boa vontade e consideração em trabalhar com o Hulk, exigindo mais da computação gráfica que nos dois filmes anteriores.
Enfim, apesar dessa crítica continuo na ansiedade.
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