Todas as vezes que leio uma minissérie do Hulk, seja em uma história a parte (que não interfere na ordem cronológica), me impressiona a falta de consistência por parte desses novos roteiristas.
Na década oitentista, na própria revista do verdão, o Hulk mantinha cada arco em sua própria revista, eles não se estendiam e a história tinha começo, meio e principalmente, o fim, o grand finale.
Bill Mantlo escrevia história nessa linha, ele começou a escrever o Hulk de quebra já encaminhando o personagem para o Mundo de Jarella, um arco em duas partes, vejam bem, o arco se encerra em praticamente DUAS EDIÇÕES.
Com o tempo, Mantlo encaminhou a versão inteligente do Hulk para um prólogo do que se tornaria o seu período nas Encruzilhadas, apesar do arco interdimensional se encaminhar um pouco além, ele tem começo, meio e um desfecho no qual Mantlo mantém suas deixas abrindo as portas para novas ideias.
Anos depois o roteirista Greg Pak aproveitou essa grande chance inspiradora para fazer o mesmo e encaminhar o Hulk da mesma forma feita por Mantlo, ou seja, Planeta Hulk foi um arco que teve um começo, meio e fim. O mesmo pode ser dito referente a guerra do Hulk contra o mundo que é uma sequencia dos acontecimentos anteriores, só que, como um evento, ele abrange todo o Universo Marvel, já Planet Hulk abrange apenas o Hulk e os novos personagens que se interligariam com ele, assim como foi com o arco nas Encruzilhadas.
Antes mesmo do surgimento de Pak, o roteirista Bruce Jones escreveu algumas minisséries do Hulk, uma delas é Hulk & Wolverine: Seis Horas, com o roteiro baseado na antiga série de TV.
Recentemente, graças a um ato de caridade por parte da Marvel, roteiristas de outras editoras tiveram a chance de escrever as histórias dos sonhos de seus personagens favoritos, Joe Keating foi um desses felizardos.
Marvel Knights Hulk é uma minissérie que mostra um amnésico Bruce Banner perdido em Paris, ele passa a ser caçado por uma sucessora da I.M.A. (Idéias Mecânicas Avançadas) que lidera um esquadrão onde todos se tornam Hulk's.
Amnésia? Hum, apesar de você não querer lá comprar a ideia, a qualidade do material é muito boa deixando o leitor ansioso por cada edição, mas essa premissa já foi abordada em um dos episódios do antigo seriado de TV em apenas duas partes.
Graças a um desfecho completamente vazio por parte de Keating a impressão que dá é que o cientista jamais estaria sofrendo disso, muito pelo contrário, ele em seu interior estava completamente convicto de quem ele seria na verdade.
Quantas vezes você já viu nos quadrinhos que o Hulk não mata pela sua parte humana não ser um assassino?
Quantas vezes você já viu a constante batalha de Banner para conter o Hulk?
Quantas vezes você já viu o Hulk destruindo vilarejo por se encontrar completamente irracional?
Já na série de TV, vejam bem, UMA SÉRIE DE TV DA DÉCADA DE 80, ao descobrir a verdade sobre quem ele realmente é, Banner permanece cada vez mais distante do repórter Jack McGee, quando este descobre que na verdade existe uma pessoa que se transforma em um monstro e mantém o segredo guardado para si não podendo permanecer fixamente em um lugar.
Isso não seria uma ideia para um futuro episódio no qual o repórter finalmente descobrisse a verdade sobre esse homem?
Pois é, só que no desfecho escrito por Keating, Banner simplesmente segue o seu caminho como sempre, ele sequer é julgado pela S.H.I.E.L.D., mesmo com o peso na consciência de quantas vidas ele ajudou a arruinar. O que o roteirista quis, e caiu em completa contradição, foi mostrar algum motivo pro Hulk ter se tornado irracional passando a destruir tudo por onde passava.
Já Mark Waid começa uma nova série do Hulk mantendo o verdão como arma de destruição em massa focando apenas o seu lado monstruoso, mas quem segurou a série Indestrutível Hulk o tempo todo nas costas foi Bruce Banner, o Hulk apenas estava ali para manter o seu lado raivoso, como tinha que ser.
A falta de ideias por parte desses escritores é algo que a Marvel deveria pensar 2x antes de chamá-los para escrever uma história do Hulk.
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