terça-feira, 19 de junho de 2018
Apesar dos pesares, "The Immortal Hulk" #1 é a HQ que o personagem necessita.
Relendo a primeira edição de "The Immortal Hulk", pude constatar que o quadrinho se apóia, e muito, na narrativa por parte do roteirista Al Ewing. A história começa mostrando a crueldade por parte do homem, cujo o ponto inicial é uma menina de doze anos sendo assassinada a sangue frio.
Uma cena perturbadora, que encaminha o leitor para as próximas páginas, onde cada detalhe se faz necessário para o entendimento. A cena no necrotério remete aos bons e velhos filmes de Lobisomens da década de oitenta, isso por si só já torna a HQ interessante de se acompanhar.
Ewing prepara o terreno para a nova etapa do Hulk de uma forma nunca antes trabalhada pelos roteiristas, o Hulk que despertará de seu luto para fazer justiça com as próprias mãos, afinal, a noite é a hora perfeita para o renascimento de um monstro. O roteirista vai a limite a ponto de mostrar que não podemos nos arrepender ao tirar a vida de alguém, afinal fizemos aquilo que precisava ser feito.
Há várias vertentes para o gênero do horror, mas o método mais eficaz é quando se é construído um suspense que deixa o espectador no clímax para o que virá.
Há uma criatura da noite decretará vingança contra esses carniceiros, mas você não o vê, ele aparece de relance. No máximo vemos partes dessa criatura, mas o pouco que vemos já nos convencemos.
O nosso próprio reflexo, aquele que nos encara mostrando como somos covardes a ponto de nos escondermos de nós mesmos.
O Hulk não é foco principal da história, mas ele vai dialogar com o assassino usando do medo psicológico do mesmo.
O desfecho remete não só ao suspense, como também a mesma brutalidade apresentada nas primeiras páginas.
A criatura não os matou, mas ela os deixou vivos para contarem história.
Uma pergunta permanece no ar: nós somos homens? Somos monstros? Ou somos ambos?
Abrem-se as portas para um novo capítulo na vida de Banner e na de seu alter ego monstruoso. O horror psicológico caiu como uma luva para a nova abordagem, que afinal de contas, combina perfeitamente com o que o Hulk sempre foi desde as suas primeiras histórias. Apesar das escorregadas por parte da arte do brasileiro Joe Bennett (cometendo a atrocidade máxima ao basear o personagem de Stan Lee e Jack Kirby numa versão totalmente concebida por computação gráfica) isso é muito pouco se comparado com a seriedade por parte do roteiro de Al Ewing. Uma revista que veio para ficar, mas que espero que não seja sabotada com a abordagem "Hulk esmaga".
Assumindo-se como uma história de super-herói com elementos do horror e da ficção científica. A HQ homenageará trabalhos como o do artista em efeitos especiais Rob Bottin, responsável pelas criaturas do filme O Enigma de Outro Mundo.
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